Discordo da opinião sobre o livro do autor chileno, mas claro que é possível não gostar de Bolaño, como escreve Duarte Calvão, neste post. No entanto, a conclusão que João Távora acrescenta não é a melhor. Se os nossos antepassados, há cem anos, tivessem pensado da mesma forma, hoje não haveria literatura com cem anos. Se ninguém tentar ler os autores contemporâneos, não haverá autores contemporâneos; e os leitores daqui a cem anos não terão nada para ler, excepto escritores com 200 ou 300 ou clássicos com mil anos, o que não seria mal, não fosse o deserto criado no nosso tempo. Nenhuma reflexão sobre nós, os que vivemos agora?
E assim por diante. Entre a literatura que se escreve hoje, há livros bons e livros maus. É semelhante ao que aconteceu em outras épocas: os livros bons são raros e os menos bons mais frequentes. Mas os gostos não se discutem passados apenas cem anos, eles discutem-se hoje e vão discutir-se amanhã. E o prazer está em procurar os livros raros que nos podem tocar e surpreender, com cem anos ou um, até encontrarmos aquele livro único que foi escrito só para nós.
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