Átila achava que o povo Huno precisava de novos desafios e pensou em...
"...Foi entao que me surgiu a ideia de escravizar os ostrogodos, a ponto de lhes tirar o ostro do nome".
Os conselheiros de Átila ficaram pálidos e silenciosos. O imperador apontou para Álmos e deu-lhe a palavra:
"Na minha qualidade de conselheiro imperial", afirmou Álmos, "digo a sua preclara majestade que é preciso analisar esta problemática em todos os seus complexos angulos. A realidade tem múltiplas facetas e recomendo que seja formada uma comissao para estudar as implicacoes da escravizacao dos actuais ostrogodos e futuros godos, sobretudo do ponto de vista da paz internacional e da amizade entre os povos".
"Muito bem", disse o imperador dos hunos, antes de dar a palavra ao seu conselheiro Kund, que falou desta maneira:
"A reaccao dos mercados deve ser ponderada, ó magnificente figura. Quais as implicacoes para a divida soberana, como vao evoluir os spreads e o que acontecerá á nossa moeda face ao sestércio romano?"
Átila o Huno estava visivelmente impressionado com a qualidade dos seus conselheiros, a ponto de ter colocado outro problema:
"Roma nao quer pagar mais tributo e pensei em invadir a Itália. Sempre quis ter escravas romanas. Dizem que as mulheres latinas sao fogosas..."
"Ó magnifico ditador da classe operária", comecou Álmos, "temos de estudar as implicacoes dessa medida tao drástrica. Roma tem solidez ideológica, nao será o mesmo que esmagar os ostrogodos. Deviamos formar um novo ministério para ponderar a accao, mandar prender alguns contra-revolucionários e nacionalizar os meios de producao".
Foi a vez de Kund tomar a palavra:
"Pelo contrário. Temos de privatizar, desregulamentar e liberalizar. Escravizar mulheres latinas, ó espaventoso académico, vai aumentar o número de consumidores e de contribuintes, promovendo o crescimento da economia, mas também aumentará a divida externa, tornando mais dificil o investimento. E nao se esqueca de que ao sairmos para o estrangeiro estamos a fazer importacoes. Só nos restará proceder a um lamentável aumento de impostos, quando a economia precisa de menos impostos. E os mercados financeiros podem reagir mal á destruicao da bolsa de Roma. Podiamos antes diversificar o nosso investimento e, em vez de recebermos o tributo romano, há sempre a hipótese de apostarmos em especulacao nos mercados de futuros, por exemplo, comprando petróleo, que dentro de mil e quinhentos anos estará muito valorizado".
Átila ficou satisfeito com a qualidade dos conselhos que recebera. Decidiu nesse mesmo dia avancar contra Roma, mas nao sabia o estado das estradas até á fronteira. Álmos era o responsável pelo primeiro troco e Kund pelo segundo. O imperador dos hunos convocou os seus ministros e perguntou-lhes sobre as estradas.
Disse Álmos: "Ó, pilar da humanidade, a construcao atrasou-se devido á prudencia com que abordámos a tarefa. Criámos um empresa pública onde foi gasta a maior parte da verba, para pagar subornos e cargos inúteis na administracao. E os trabalhadores, como nao recebiam salários, roubaram os materiais".
"Nao faz mal", disse Átila, "Vamos a corta-mato na primeira parte do caminho, até chegarmos ao segundo troco".
"Infelizmente", atalhou Kund, "ó estratosférica personagem, isso nao será possivel, pois o segundo troco sofreu atrasos e revisoes orcamentais que encareceram tres vezes o empreendimento. As empresas privadas romanas que estavam a construir a estrada pedem brutas imdemnizacoes por quebra de contrato e o tesouro ficou comprometido por dez anos. A única saida será reduzir para metade o rendimento médio dos hunos, ou seja, impopulares medidas de austeridade".
O imperador pensou um pouco e concluiu:
"Está decidido. Vamos a cavalo. A paisagem é bonita".
Os ministros ficaram em extase:
"Que carisma, que capacidade de lideranca. É o melhor lider dos Hunos desde o século III antes de Cristo", dizia um.
"Se houvesse eleicoes livres, vencia facilmente", dizia o outro.
Retirado de Dez Licoes de Estratégia de Átila o Huno
Traducao de Luis Naves, que usou um teclado godo
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