sexta-feira, 1 de julho de 2011

Céline: a literatura e os maus rapazes




Passam hoje 50 anos sobre a morte de Louis-Ferdinand Céline, o escritor francês que deu ao mundo obras como "Viagem ao Fim da Noite", "Morte a Crédito", "Norte" ou "De Castelo em Castelo".

Soldado, viajante, médico, romancista, maldito, genial. São muitas as faces deste escritor que revolucionou a literatura, com a sua escrita torrencial, onde as frases aspiram a espelhar as emoções das experiências concretas. A sua imortal galeira de personagens é feita sobretudo de vencidos da vida, desertores da guerra, homens e mulheres explorados, paralizados pela angústia ou pela melancolia. Mas fazem parte também uma série de panfletos anti-semitas, que publicou nos anos de 1937, 38, 41 e 43, que o obrigaram a fugir de França em 1945 e que são até hoje uma mácula na sua herança.

Céline (1894-1961) que, um ano antes de morrer, dizia que queria "ser apenas um velho anónimo sentado à beira do Havre a olhar os barcos a partirem e a regressarem", continua, passados 50 anos sobre a sua morte, a ser tudo menos anónimo. Em França, a celebração do cinquentenário da sua morte foi retirada da lista das comemorações oficiais do governo de Sarkozy, devido à pressão feita por grupos de judeus, mas abriu uma importante questão na sociedade, em especial nos meios culturais: está a arte obrigada à moral e aos bons sentimentos?

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