Quando, nas noites chuvosas bebiamos folhas de limão,
falavamos ao mesmo fogo que não se extinguia, porque mãos distraidas o alimentavam.
Quando, nas noites invernosas a manteiga derretia sobre o pão, estavamos ambos ignaros do medo, tu contavas histórias intermináveis e os tesouros perdidos espreitavam-nos de dentro das paredes.
Sabiamos que a chuva cessaria, que as folhas secariam aos primeiros sois.
E isso era bom.
Sabiamos que as formas do mundo se sucediam, partindo e retornando.
Tudo parecia quieto e constante.
Os mistérios resumiam-se ao destino que as tuas palavras dariam às histórias para sempre inacabadas.
De todos esses dias restam apenas as folhas de limão, secando e renascendo.
E a certeza de que cada palavra que escrevo, escrevo-a (ainda) para ti.
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