Ao ler uma História da China, de John Keay, deparei com a personagem do imperador Hongwu, ou Zhu Yuanzhang, que governou durante 30 anos, no século XIV. Zhu era um camponês e tomou o poder após uma revolta e a guerra civil que levou à queda da dinastia Yuan, consequência do caos que se seguiu à peste negra. O fundador da dinastia Ming é hoje visto pelos historiadores como um unificador que impôs a ordem no país. Todos os dias condenava pessoas à morte, mas o pormenor que mais me interessou foi o conceito de “execução até ao quinto grau”. Um dos métodos de matar os condenados era esquartejamento lento, mas este quinto grau não dizia respeito ao requinte na forma, mas sim à extensão da colheita. O ministro em causa chamava-se Hu Weiyong e os documentos sobreviventes dizem que teria sido demasiado poderoso, corrupto ou incompetente, não se sabe ao certo. Em 1380, este ministro foi condenado ao quinto grau, o que implicou a morte de 30 mil a 40 mil dos seus familiares, até ao quinto grau de parentesco. Segundo se conta, um confuciano escandalizado com estas prepotências apresentou-se perante o imperador e criticou-o. Vinha acompanhado do próprio caixão e, após terminar a sua crítica, deitou-se dentro dele. Impressionado com a coragem deste homem, o imperador, por uma vez, exerceu a clemência.
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