Passeio breve. Muitos trabalhadores vieram de férias e o trânsito está outra vez caótico. Em três locais diferentes, pessoas discutiam. Uma rapariga gorda gritava para um velho, talvez com razão; sandália chã, como se usa agora, a blusa sem chegar à calça, mostrando um pneu de banha a nível da cintura. Um velho e uma velha sentados num dos novos bancos de jardim gritavam um com o outro: “Deixe-me falar”, explodiu ele, a certo ponto; não percebi o tema da discussão; quando reparei neles, aquilo continuava: iam ao fundo da rua, ele atrás dela; chegaram a um prédio e entraram.
Sol manso, ar de cristal, ocorreu-me isto:
Observo o esplendor do dia
Que passa em morna monotonia
Dois velhos discutem
Ela exige que a escutem
E diz ele, deixa-me falar
Não há meio daquilo acabar
Se houvesse só gente amável
O mundo seria mais suportável
Mas talvez fosse muito banal
Sempre a sorrir, sempre igual
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