sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Esse é o teu nome

Se deixarmos que o nosso Outro esqueça

esse nome que tivemos para Ele,

não mais beberemos das infantis marés

ébrias de Sol e prata cintilante.


Faremos a última viagem

clamando no topo do mastro, através desses dias

impelidos por azulada fúria

sem bancos de jardim ou beijos e bicicletas.


Se permites que o teu nome secreto se perca

eis que algo morre e viral arrasta nessa morte,

para sempre,

o quase Deus que vos ungiu.


Defende esse nome com a própria carne,

a tremeluzente dor vermelha de existires.

Ergue as memórias e os desejos,

espadas flamejantes perante os teus olhos fechados.


Não desistas e guarda cada uma das vontades

entre o vazio de todas as gavetas que tens dentro,

porque transparente e invisível

é aquele que se esquece de si mesmo.

1 comentário:

  1. Que poema lindo! Tão forte. E acaba de uma maneira terrivelmente verdadeira. Que saudades de ler poemas teus! Bj.

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