1.
Temos o medo.
Ele amanhece connosco.
A vontade é não ter braços para o receber,
antes afastar o eco de tudo o que está dentro.
Lembramos em defesa o sabor da fruta,
nesse tempo em que os morangos eram ainda pequenos
e as ameixas na árvore se dividiam em inconfundíveis cores,
duas apenas.
2.
Com memórias de amor por quem fomos
levantamos a tarde e o corpo prossegue.
Confesso: Uma vez perdi um amigo por não saber a cor do seu nome.
Não convém atravessar a vida sem olhar
3.
Temos a esperança.
Ela dorme sem abrigo, aí onde consegue estender o coração.
Todas as noites alguém nasce
e a isso chamamos a acupunctura das feras.
(Publicado aqui)
perfectum / directo à emoção / sorvem-se as palavras como gelados numa noite de verão
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