segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Onde o sol morre na cruz, como Jesus

sob a projeção da luz, que inunda a sala, todos os conjurados se levantam e desaparecem pelas portas entreabertas, enquanto de ouve na rua a voz de...


O Alma


Nasce morta a luz da aurora
Sobre a terra portugueza.

E d´esta luz falecida
Nascem já murchas as flores;
E nascem almas sem vida
E sem amôres...

O´ Portugal solitário,
E´s um calvario
Onde o sol morre na cruz,
Como Jesus...
E a sombra escura,
No ar infindo
Empedernindo,
Toma não sei que tragica figura,
Ameaçadora...

Que luz tão fria!
Nasce morta luz da aurora...
E a luz do dia
Cáe, em sombra, na terra portugueza...
Ai, que tristeza
E que melancolia

(In D. Carlos - Drama em Verso, de Teixeira de Pascoaes, Quarto acto, cena I - escrito em 1919).

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