segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Vulgares de Lineu

A solidão da escrita tem um lado de liberdade, pois se ninguém ler isto, então para quê limitar o pensamento? Por vezes, escrever é como caminhar, colocar um passo atrás do outro, procurar o melhor caminho; quando se anda, o corpo funciona de forma automática; por outro lado, encontrar palavras é tarefa que, sem cansar os músculos, exige um sentido.
Uma personagem de Kundera achava as mulheres todas iguais, pelo menos em 999 porções de mil, e dizia que procurara, em todas as mil mulheres que tinha amado, o milésimo de diferente. Não sou tão pessimista, acho as pessoas todas diferentes em maior grau do que um milésimo, sobretudo as mulheres. Existe uma taxionomia dos seres humanos, na visão de quem os observe a certa distância: há pequenas diferenças de Lineu, que se somam umas às outras e formam grandes famílias, como acontece nas flores, com a forma das pétalas, dos caules e das folhas, numa profusa variedade de diferenças, embora não infinita. Tento observá-los à lupa, todos ambiciosos dentro da sua modéstia, esmagados no meio da sua independência, felizes entre as suas muitas tristezas, alguns com esperança outros resignados. Enfim, cada um a fazer o seu caminho, sem saber bem para onde ir, um pouco como fiz neste texto, colocando uma palavra à frente da outra, com muito esforço. 

Pensar como uma Montanha 37 (e última)

Seja qual for a equação entre os Homens e a Terra, é improvável que conheçamos já todos os seus termos.



Aldo Leopold, A Sand County Almanac, Pensar como uma Montanha, 1949

sábado, 26 de novembro de 2011

Pensar como uma Montanha 36

Uma ética da terra altera a função do Homo sapiens tornando-o de conquistador da comunidade da terra em membro e cidadão pleno dela. Implica respeito pelos outros membros seus companheiros e também respeito pela comunidade enquanto tal.

Aldo Leopold, A Sand County Almanac, Pensar como uma Montanha, 1949

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Pensar como uma Montanha 35

Cada um deles, à sua maneira, é um caçador. E por que razão cada um deles se considera a si próprio um amigo da natureza? Porque os seres selvagens que ele procura caçar lhe fugiram, e ele espera, graças a alguma necromancia das leis, das dotações orçamentais, dos planos regionais (…) fazer com que fiquem como estão.
[sobre as “enxames” humanos que procuravam o ar livre aos fins-de-semana em meados do século XX, nos EUA].


Aldo Leopold, A Sand County Almanac, Pensar como uma Montanha, 1949

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pensar como uma Montanha 34

A compreensão da ecologia não a encontramos necessariamente nos cursos que se intitulam de ecologia; é mais provável que as encontremos nos que se intitulam geografia, botânica, agronomia, história ou economia.

Aldo Leopold, A Sand County Almanac, Pensar como uma Montanha, 1949

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pensar como uma Montanha 33


… a maioria dos membros da comunidade da terra não tem valor económico. Exemplos disso são as flores selvagens e o canto dos pássaros.



Aldo Leopold, A Sand County Almanac (Pensar como uma Montanha), 1949

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Pensar como uma Montanha 32

No Canadá e no Alasca existem ainda vastas extensões de terras virgens “Onde os homens sem nome vagueiam através de rios sem nome e em vales estranhos sozinhos encontram estranha morte.”

Aldo Leopold, A Sand County Almanac (Pensar como uma Montanha), 1949